A França está pedindo à Apple que afrouxe suas restrições de Bluetooth no iPhone, que supostamente estão impedindo um aplicativo de rastreamento de contatos do governo projetado para minimizar a disseminação do COVID-19.
Atualmente, a Apple impede que os aplicativos iOS usem a conectividade Bluetooth em segundo plano sob certas circunstâncias. Sua política impede a França de seguir em frente com seu aplicativo, revelou um relatório da terça-feira.
A Apple impõe restrições severas a aplicativos de terceiros para iPhone e iPad. Eles estão lá para proteger a privacidade e a segurança do usuário, diz a empresa, mas em certas circunstâncias, eles restringem a funcionalidade.
Isso nunca foi mais um problema do que hoje, com software potencialmente salva-vidas incapaz de ser executado no iPhone porque os principais recursos simplesmente não são permitidos pelas diretrizes de desenvolvimento de aplicativos da Apple.
França pede à Apple para mudar a política de Bluetooth
“Estamos pedindo à Apple que supere o obstáculo técnico para nos permitir desenvolver uma solução de saúde europeia soberana que será vinculada ao nosso sistema de saúde”, disse o ministro digital da França, Cedric O,
Bloomberg.A França quer começar a lançar seu aplicativo de rastreamento de contatos em 11 de maio, data em que planeja reduzir as restrições ao movimento. O aplicativo permitirá que ele determine com quem as pessoas infectadas tiveram contato.
Com essas informações, os governos podem tomar decisões mais informadas sobre como reabrir escolas e empresas da forma mais rápida e segura possível. Essas coisas são a chave para um retorno à vida normal.
Um porta-voz da Apple apontou Bloomberg para a empresa nova parceria com o Google, que planeja habilitar aplicativos de rastreamento de contatos que dependem da conectividade Bluetooth.
A nova plataforma, com estréia prevista para o mês que vem, estará à disposição de governos e autoridades de saúde de todo o mundo. Ele será lançado com foco na proteção da privacidade do usuário.
Protegendo nossa privacidade
Esse foco, no entanto, pode ser um problema para a França.
A França e a União Europeia querem um sistema que permita que os dados sejam enviados a um servidor central. Isso permitiria aos cidadãos serem notificados quando entrarem em contato com alguém infectado pelo COVID-19.
O novo sistema da Apple não permite isso; ele permite que os dados sejam armazenados apenas no aparelho do usuário, minimizando a possibilidade de que eles caiam em mãos erradas. Os especialistas endossam essa abordagem.
Permitir que os dados sejam enviados para outro lugar “prejudicaria catastroficamente a confiança e a aceitação de tal aplicação pela sociedade em geral”, dizia uma carta de 300 acadêmicos, publicada na segunda-feira.
“É imprescindível que, ao sair da crise atual, não criemos uma ferramenta que possibilite a coleta de dados em larga escala sobre a população, seja agora ou no futuro”.
E agora para a França?
Não está claro o que isso significa para a França e seu aplicativo de rastreamento de contatos, que deve ser usado de forma voluntária. Seu parlamento se reunirá para novas discussões em 28 de abril.
“Embora o governo não tenha respondido, a agência francesa de privacidade revisará o plano para o aplicativo de rastreamento esta semana”, acrescentou Bloomberg.